quinta-feira, 2 de abril de 2020
Austin coloca em observação negativa os ratings de Cotas de diversos FIDCs e FIC-FIDCs em consequência da pandemia de COVID-19
A Austin Rating informa que, nesta data, colocou em observação negativa os ratings atribuídos a Cotas emitidas por Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) com investimento preponderante em créditos devidos e/ou que possuam coobrigação de pessoas jurídicas, principalmente pequenas e médias empresas, e pessoas físicas; os Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIC-FIDCs) que investem em Cotas de FIDCs lastreadas no mesmo perfil de ativos também tiveram suas classificações colocadas sob observação negativa, que, igualmente, estão sujeitas a rebaixamentos no curto prazo. Esta ação de rating atinge as 185 classificações (listadas a partir da página a seguir) de Cotas de 115 Fundos e foi motivada pela pandemia de COVID-19 e suas implicações negativas para as empresas pequenas e médias de diversos setores e pessoas físicas em geral, mais vulneráveis ao ciclo econômico recessivo pelo qual a economia brasileira passará. https://www.austin.com.br/Informe_Especial/Informativo_ObservacaoNegativaFundos_abr20.pdf Conforme apontado pela Austin Rating em Informe Econômico Especial de 27 de março de 2020, a partir das medidas de isolamento social impostas pelos principais municípios e estados brasileiros na última semana de mar/20, é esperada forte retração da atividade econômica para os próximos dois trimestres, com acentuada redução dos indicadores de produção e vendas no varejo, a exemplo do que já foi observado em países que estão em fases mais avançadas das medidas de combate à evolução da pandemia (China, Japão, Itália e Estados Unidos, por exemplo). Ainda que as medidas recentemente anunciadas pelo Ministério da Economia e pelo Banco Central do Brasil possam vir a limitar a dimensão e suavizar a profundidade da recessão, a súbita e forte redução dos fluxos de receitas de empresas e da renda das famílias nos próximos meses traz consigo a perspectiva de piora severa e generalizada da capacidade desses agentes honrarem suas obrigações contratuais de curto prazo. Diante disso, a Austin Rating acredita que as carteiras dos fundos listados mais adiante deverão, já a partir de final de mar/20 e ao longo dos meses subsequentes, apresentar, em maior ou menor magnitude, acréscimos em seus índices de inadimplência, seguidos de aumentos nas repactuações (carências e prorrogações de prazos de pagamentos), o que terá efeito direto sobre os fluxos de caixa e a rentabilidade desses veículos, gerando, de imediato, a elevação do risco de não devolução integral e pontual de capital a seus cotistas. Isto, em conjunto com os desenquadramentos de carteiras esperados para boa parte dos fundos, poderá ensejar, já nos próximos meses, a necessidade de realização de assembleias e consequentes deliberações por adoções de medidas que visem assegurar maior liquidez para esses veículos, como alterações dos termos originais de séries de cotas e até mesmo fechamentos para aquisições, captações e resgates. Nos últimos dias, a Austin Rating consultou agentes de mercado e as principais gestoras dos FIDCs Multicedentes e Multissacados que constituem a maioria dos fundos relacionados a esta ação de rating e cujas carteiras de recebíveis (duplicatas, principalmente) têm prazo bastante curto (em torno de 45 dias) e, além disso, apresentam concentrações relevantes em empresas de pequeno e médio portes que já apresentavam baixa qualidade creditícia, muitas das quais atuantes em segmentos que tendem a ser largamente afetados pela paralisação e fechamento do comércio nas grandes cidades brasileiras (cadeia têxtil, por exemplo). Em tais consultas, foi possível apurar que, de modo geral, as liquidações de operações não tiveram grande piora na primeira semana de adoção das medidas de isolamento e que os fundos passaram a primar por liquidez e pela redução da exposição a riscos. Nesse sentido, esses veículos vêm reduzindo fortemente os volumes operados, limitando a liberação de recursos apenas para empresas de segmentos não atingidos diretamente pelas medidas adotadas após a COVID-19, especialmente aqueles relacionados à produção e à comercialização de itens básicos de alimentação e saúde. No processo de revisão que se inicia com a colocação da observação negativa, essa agência buscará se aprofundar no conhecimento das medidas que estão sendo ou que virão a ser adotadas pelas gestoras e, quando aplicável, por consultoras especializadas, originadores e cedentes dos fundos relacionados a esta ação de rating, a fim de avaliar, de forma mais consistente e individualizada (caso a caso), quais os impactos da situação originada pela COVID-19 sobre a inadimplência e as taxas de perda estimadas para essas carteiras e, enfim, em qual medida essas sensibilizam cada classificação. A Austin Rating também realizará, no horizonte desse processo, um acompanhamento mais próximo, junto às gestoras e às administradoras, da posição de liquidez dos fundos. De igual modo, a partir das orientações e recomendações recentemente dadas pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM no tocante ao provisionamento em FIDCs (Ofício-Circular n° 6/2020/CVM/SIN, de 26 de março de 2020), a Austin Rating acompanhará eventuais alterações a serem realizadas pelas administradoras em suas metodologias de provisionamento (PDD) e avaliará os efeitos dessas sobre a rentabilidade das Cotas. As ações de rating posteriores ligadas a esta, assim como os dados e as avaliações que as fundamentarem, serão apresentados não mais de maneira conjunta, como agora, mas nos próximos relatórios de monitoramento trimestral (1T20, 2T20, principalmente) de cada fundo. A Austin Rating salienta, por fim, que os ratings de cotas de fundos não contemplados nesta ação e de outros emissores e emissões que venham a ser afetados em consequência da COVID-19 também permanecerão sendo continuamente monitorados e poderão ingressar em processo de revisão para rebaixamento a qualquer momento.
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